terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ponte para Terabítia


Poema escrito por Leslie, personagem do livro de Katherine Paterson, "Ponte para Terabítia".



"Só preciso de um momento meu,
apenas um segundo de tempo
para criar asas e voar ao encontro do vento
e beijar o luar.
Agora eu tenho asas, sou pássaro
vou ao encontro das nuvens,
viajando sob o sol morno de verão.
O vento me leva qual pluma
e eu voarei ao encontro da lua
beijando os raios de luz.
Verei bem de perto as estrelas
e soltarei beijos ao vento
sem tristeza e sem lamento.
Sou livre, tenho asas, posso voar.
E foi preciso apenas um momento,
um segundo apenas de tempo,
para virar luz e varar os céus
na liberdade sem par
de quem tem asas
e pode voar."



Como disse Einstein: "Tudo deveria ser feito de forma mais simples possível, não mais que isso."


Seja simples, use a imaginação e voe, mesmo que por uns instantes, desde que esses sejam os seus instantes, seus momentos.



"Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" João 8.32


Seja livre!

domingo, 10 de janeiro de 2010

O que o Natal significa para mim - por C.S. Lewis

Há três coisas que levam o nome de "Natal". A primeira é a festa religiosa. Ela é importante e obrigatória para os cristãos mas, já que não é do interesse de todos, não vou dizer mais nada sobre ela. A segunda (ela tem conexões histórias com a primeira, mas não precisamos falar disso aqui) é o feriado popular, uma ocasião para confraternização e hospitalidade. Se fosse da minha conta ter uma "opinião" sobre isso, eu diria que aprovo essa confraternização. Mas o que eu aprovo ainda mais é cada um cuidar da sua própria vida. Não vejo razão para ficar dando opiniões sobre como as pessoas devam gastar seu dinheiro e seu tempo com os amigos. É bem provável que elas queiram minha opinião tanto quanto eu quero a delas. Mas a terceira coisa a que se chama "Natal" é, infelizmente, da conta de todo mundo.


Refiro-me à chantagem comercial. A troca de presentes era apenas um pequeno ingrediente da antiga festividade inglesa. O Sr. Pickwick levou um bacalhau a Dingley Dell [1]; o arrependido Scrooge [2] encomendou um peru para seu secretário; os amantes mandavam presentes de amor; as crianças ganhavam brinquedos e frutas. Mas a idéia de que não apenas todos os amigos mas também todos os conhecidos devam dar presentes uns aos outros, ou pelo menos enviar cartões, é já bem recente e tem sido forçada sobre nós pelos lojistas. Nenhuma destas circunstâncias é, em si, uma razão para condená-la. Eu a condeno nos seguintes termos.

1. No cômputo geral, a coisa é bem mais dolorosa do que prazerosa. Basta passar a noite de Natal com uma família que tenta seguir a 'tradição' (no sentido comercial do termo) para constatar que a coisa toda é um pesadelo. Bem antes do 25 de dezembro as pessoas já estão acabadas – fisicamente acabadas pelas semanas de luta diária em lojas lotadas, mentalmente acabadas pelo esforço de lembrar todas as pessoas a serem presenteadas e se os presentes se encaixam nos gostos de cada um. Elas não estão dispostas para a confraternização; muito menos (se quisessem) para participar de um ato religioso. Pela cara delas, parece que uma longa doença tomou conta da casa.

2. Quase tudo o que acontece é involuntário. A regra moderna diz que qualquer pessoa pode forçar você a dar-lhe um presente se ela antes jogar um presente no seu colo. É quase uma chantagem. Quem nunca ouviu o lamento desesperado e injurioso do sujeito que, achando que enfim a chateação toda terminou, de repente recebe um presente inesperado da Sra. Fulana (que mal sabemos quem é) e se vê obrigado a voltar para as tenebrosas lojas para comprar-lhe um presente de volta?

3. Há coisas que são dadas de presente que nenhum mortal pensaria em comprar para si – tralhas inúteis e barulhentas que são tidas como 'novidades' porque ninguém foi tolo o bastante em adquiri-las. Será que realmente não temos utilidade melhor para os talentos humanos do que gastá-los com essas futilidades?

4. A chateação. Afinal, em meio à algazarra, ainda temos nossas compras normais e necessárias, e nessa época o trabalho em fazê-las triplica.

Dizem que essa loucura toda é necessária porque faz bem para a economia. Pois esse é mais um sintoma da condição lunática em que vive nosso país – na verdade, o mundo todo –, no qual as pessoas se persuadem mutuamente a comprar coisas. Eu realmente não sei como acabar com isso. Mas será que é meu dever comprar e receber montanhas de porcarias todo Natal só para ajudar os lojistas? Se continuar desse jeito, daqui a pouco eu vou dar dinheiro a eles por nada e contabilizar como caridade. Por nada? Bem, melhor por nada do que por insanidade.
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Publicado originalmente em God in the dock -- Essays on Theology and Ethics (Deus no banco dos réus – Ensaios sobre Teologia e Ética), 1957.
[1] Samuel Pickwick é o personagem principal de Pickwick Papers, romance de Charles Dickens no qual suas aventuras são narradas. Dingley Dell é o nome de uma fazenda, um dos cenários do romance. (N. do T.)
[2] Referência ao avarento milionário Ebenezer Scrooge, personagem da obra Um Conto de Natal, de Charles Dickens. (N. do T.)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

"O que teria acontecido se..."


Conversa entre Lúcia e Aslam

-Tinha certeza de que era você. Mas eles não quiseram acreditar... São todos uns... - Disse Lúcia. Lá muito de dentro, das próprias entranhas de Aslam, veio qualquer coisa que, vagamente, sugeria um rosnar de impaciência.

- Desculpe! - disse Lúcia, ao entender tudo. - Não queria pôr a culpa nos outros. Mas a verdade é que a culpa não foi minha. - O Leão fitou-a bem nos olhos. - Oh, Aslam, acha que eu errei? Como é que eu... podia deixar os outros e vir sozinha encontrar-me com você? Não olhe para mim desse jeito... bem... de fato... talvez eu pudesse. Sei que com você não estaria sozinha. Mas ia adiantar alguma coisa?- Aslam não respondeu. - Mesmo assim teria sido melhor? - perguntou Lúcia, com a voz sumida. - Mas como? Aslam, por favor, diga-me.

- Dizer o que teria acontecido? Não, a ninguém jamais se diz isso.

- Oh, que pena! - exclamou Lúcia.

- Mas todos podem descobrir o que vai acontecer - continuou Aslam. - Se voltar agora e acordar os outros para contar-lhes outra vez o que viu, e disser que eles se levantem imediatamente e me sigam... que acontecerá?

- Só há um modo de saber...

- É o que quer que eu faça?

- É, minha criança - respondeu Aslam.

- E os outros também vão ver... você.

- A princípio, não. Talvez mais tarde.

- Mas aí eles não vão acreditar!

- Não faz mal.

- Ora essa, ora essa! E eu que estava tão feliz por tê-lo encontrado de novo. Pensei que ficaria a seu lado. Pensei que você viria rugindo e que os inimigos fugiriam de medo... como da outra vez. Afinal, vai ser horrível.

- Será difícil para você, querida, mas as coisas nunca acontecem duas vezes da mesma maneira. Todos nós já passamos momentos difíceis em Nárnia.

Lúcia escondeu o rosto na juba. Mas devia haver nela algum poder mágico, pois ela se sentiu invadida pela força do Leão.



"As Crônicas de Nárnia - Príncipe Caspian"




"O que poderia ter acontecido não pode mais, já foi. Mas você pode saber o que irá acontecer daqui pra frente."

"Brincadeira de criança"


A vida num grupo não é nada fácil. Pra entrar nele é preciso estar dentro do padrão, seja beleza, inteligência, gostos, amizades, etc. E pra permanecer é necessário manter o padrão; manter a identidade do grupo.

Estive em uns momentos num grupo, e acho que como eu, a maioria das pessoas pertencendo ao seu grupo ou sua "panela". Alguns amigos, outros conhecidos, não deixando de serem queridos. A conversa começou ao bebermos refrigerante e usarmos a garrafa num jogo de perguntas e respostas, levando a conversa a um debate de opiniões, hilário, porém produtivo.

Pensamentos diversos, convergentes, divergentes; pensamentos realmente sinceros; pensamentos que fazem pensar; pensamentos que fazem sorrir, chorar.
Pude ouvir o coração de alguns; pude expressar minhas particularidades, minha crença em certas questões perguntadas; verdades foram ditas e uma certa confiança gerada no grupo, ou, pelo menos, aparentou.

Foram momentos que pude respeitar, entender, discordar, ratificar algo, ouvir, falar, pensar, aprender e aprender. Aprender através de uma simples brincadeira de criança que só cresce quem é pequeno.



Em crescimento...